As Respigadoras e 0s Respigadores

Integrado na retrospectiva da Folimage / Poudrière decorreu de 9 a 13 de Setembro, nas instalações da Escola de Ensino Artístico Soares dos Reis*, um workshop de Animação de Volumes, utilizando restos de sucata e outros desperdícios como matéria prima e fonte de inspiração. A orientação esteve a cargo de Laurent Pouvaret, realizador dos filmes « Ferraille » e « La Chanson du Microsillon » onde utilizou e desenvolveu esta técnica particular do Cinema de Animação.

Este workshop teve como objectivos desenvolver as capacidades criativas dos alunos e aprofundar os seus conhecimentos sobre a Animação de Volumes. Cada aluno teve a oportunidade de construir duas marionetes: sendo a primeira directamente inspirada pelos próprios materiais (recolhidos numa visita a uma sucata) e a segunda construída a pensar nos movimentos que teriam de executar.

As primeiras marionetes foram inspiradas por uma banda sonora, de onde surgiu a ideia da constituição de uma orquestra: Músicos irreais de um mundo inconcebível, à procura do seu lugar na Festa da Sucata,  Estas marionetes revelaram-se de uma grande criatividade e a sua animação constituiu um grande desafio para os alunos. Não é fácil animar estruturas pesadas e com articulações muito rudimentares, mas o que importava aqui não era a extrema mobilidade das marionetes mas sim os seus aspectos estéticos e a tentativa de encontrar uma personalidade própria a cada marionete, tirando partido inclusivamente das suas limitações.

Em complemento, e contrastando com a abordagem anterior,  foi criado um segundo grupo de marionetas, desta vez submetidas ao tema da dança e criadas tendo em conta os movimentos que pretendíamos que elas fizessem. Neste segundo grupo as marionetas tornaram-se mais esguias, leves e maleáveis e sobretudo com uma maior liberdade de movimentos.

Ao trabalho prático, Laurent Pouvaret não descuidou os aspectos teóricos e regularmente parava os trabalhos para fazer a sua análise, chamar a atenção para os problemas surgidos e sugerir soluções para a sua resolução. Particularmente úteis foram as suas reflexões sobre a expressão dos movimentos que poderemos verificar na evolução muito positiva dos trabalhos práticos que se lhe seguiram.

Os oito participantes, com formações diversas, oriundos do Audiovisual, da Escultura ou ainda do Ensino, tiveram à sua disposição quatro sistemas de gravação imagem por imagem, constituindo uma relação aluno/equipamento bastante boa, enquanto um preparava a sua marionete o outro filmava, revezando-se de seguida permitindo a cada aluno não só a construção da sua marioneta como dispor de um tempo razoavelmente bom para experimentar a animação.

Em qualquer actividade há sempre um ponto fraco e neste caso o principal problema surgido neste workshop prendeu-se com o sistema de montagem (tornando-se imperativo melhorar as condições técnicas nesta área em futuras acções de formação).

Ao fim das 40 horas de formação deste workshop ficou para a posteridade um pequeno filme com cerca de dois minutos de duração: “Há Festa na Sucata”.