Ateliers de Cinema de Animação com Crianças e Jovens
Desde 1985, há já cerca de 13 anos, que tenho orientado diversos ateliers com crianças, jovens e mesmo de formação profissional.
Ao longo destes anos tive a oportunidade de utilizar várias soluções, quer estruturais de organização interna quer técnicas e tecnológicas.
Inicialmente trabalhei inserido nos chamados ATL’s (Ateliers de Tempos Livres) no Arbusto – secção infantil da Coop. Árvore, e tinha uma turma inteira ao mesmo tempo, uma hora por semana, durante um ano lectivo. Esta solução, se bem que tivesse obtido alguns resultados, estava um pouco desajustada a uma faixa etária tão jovem. De uma semana para a outra esqueciam o que estavam a fazer, perdiam o fio à meada e era necessário voltar a repetir sistematicamente o que se tinha falado na aula anterior.
Em 1986 iniciei a realização de cursos de Verão, durante o mês de Julho (nas férias escolares), duas horas e meia, todas as manhãs. Fiquei realmente surpreendido com a motivação e os resultados obtidos nestas circunstâncias, em que a proximidade entre as aulas e a falta de competitividade de outros interesses, permitia uma continuidade e uma dinâmica muito mais interessante, possibilitando uma relação muito mais próxima e obtendo-se resultados muito mais interessantes.
Foi por esta altura que aderi à ASIFA (Associação Internacional do Filme de Animação) e ao seu comité especial dedicado exclusivamente à animação com crianças, onde tive a oportunidade de comparar o trabalho que aqui ia fazendo com os resultados obtidos noutros ateliers espalhados pelo mundo. Esta troca de informações e experiências mostrou-me outros caminhos e outras maneiras de trabalhar e foi extremamente importante para o desenvolvimento dos Ateliers que tenho vindo a fazer. Uma das Actividades da ASIFA tem sido a implementação de projectos de colaboração internacional, normalmente à volta de um grande tema e nos quais cada país contribui com um pequeno filme. Todos juntos formam um largo espectro de sensibilidades e de maneiras de ver e de fazer.
Foi através destes projectos de colaboração internacional que fui percebendo muitas coisas e me permitiu desenvolver a estrutura dos ateliers que tenho aplicado nestes últimos anos, por outro lado ao dar um objectivo claro e uma projecção internacional, as crianças sabem que o seu trabalho vai ser visto por muita gente e isso dá-lhes também uma motivação e um empenho muito maior, que será tanto maior se for protagonizado por miúdos de bairros desfavorecidos, onde eles são muitas vezes considerados uns bandidos e, logo à partida, desacreditados. É neste contexto que se tem desenvolvido o Atelier da Sé, e onde os aspectos sociais e de dignificação dos jovens tem tido uma grande aceitação, constituindo este Atelier um dos que melhores resultados tem apresentado, entre as várias actividades de luta contra a pobreza desenvolvidas pela Fundação da Zona Histórica do Porto.
Na estrutura dos Ateliers que tenho vindo a realizar ultimamente, tenho tentado potencializar todas as experiências adquiridas ao longo destes anos. Penso que a concentração no tempo traz grandes vantagens, tanto para as crianças, que mais rapidamente vêem a conclusão dos seus trabalhos, como para as Escolas e Instituições que promovem estes Ateliers (de forma pontual), visto que é mais fácil disponibilizar um espaço em permanência durante um curto espaço de tempo, quer ainda para nós, que temos uma vida profissional atarefada. Estes Ateliers constituem uma quebra de rotina do dia a dia, que em animação é muitas vezes monótona, e também tem constituído um interessante intercâmbio de ideias que tem passado dos Ateliers para a vida profissional e da vida profissional para os Ateliers.
Durante os últimos anos tenho trabalhado em equipa com a Regina Pessoa, o Pedro Serrazina, a Paulina Vieira e o Tentúgal, e é do bom relacionamento entre os elemento da equipa que é possível obter bons resultados, aqui fica para eles uma palavrinha de agradecimento por todo o empenho demonstrado.
Três destes filmes, realizados em ateliers de Cinema de Animação: O CRAVO DA LIBERDADE, 4 minutos, realizado por crianças de 11 a 13 anos da Escola EB 2 e 3 ciclos das Caldas das Taipas; PERFUME DE AMOR, realizador por crianças e jovens de diversas idades durante o FestiViana’97, e ROSA E OS SEUS AMIGOS, realizado por crianças da 2ª e 4ª classes da Escola Básica Integrada do Bairro de S. João de Deus, bem como uma reportagem elaborada pela RTP (Artes & Letras) sobre este último filme foram incluídos na edição vídeo da cassete INQUIETAÇÕES – 10 anos de animação no Filmógrafo
I - BRINQUEDOS ÓPTICOS
12 horas (2 dias) para crianças / 6 horas para professores
limite de inscrições: 20 participantes
Orientação: um Animador e um Assistente.
Este Atelier tem por objectivo constituir uma iniciação ao Cinema de Animação, utilizando para isso meios muito simples e de fácil aplicação nas escolas, sem necessitar de acesso a equipamentos sofisticados e caros.
Neste contexto, os Brinquedos ópticos constituem um excelente meio de aprendizagem dos princípios básicos do Cinema de Animação e, para alem disso, são um factor extremamente motivador de crianças e jovens.
Estes “brinquedos” podem ainda ser um ponto de partida para muitas experiências na área da Expressão Plástica e da Educação Visual.
Programa
Introdução às imagens em movimento
A persistência das imagens na retina – experiências demonstrativas
Construção e animação de
Thaumatrope, ligação de imagens distintas
Folioscope – a animação mais simples
Fenacistiscópio, o princípio do obturador, ciclos de desenhos
Zootrope, animação em bandas
Flip-books, desenhos chave e animação seguida
II - DESENHO ANIMADO
Duração : 20 horas (num fim-de-semana: 6ª à noite, Sábado e Domingo todo o dia)
Participantes: 6 jovens com vocação para o desenho, por grupo, acompanhados por um Animador
Nº de grupos: 1 a 3 ou mais, segundo as disponibilidades
Pretende-se fazer uma espécie de maratona da animação. Durante um fim de semana, vários grupos de 6 pessoas, acompanhadas em permanência por um Animador (dependendo o nº de grupos dos equipamentos e dos Animadores disponíveis), terão de fazer os cerca de mil desenhos necessários à realização de um desenho animado com cerca de um minuto de duração. Percorreremos rápidamente as principais fases de produção de um filme animado, desde a criação das ideias até à projecção final de um filme sonoro, passando pela animação, pela fotografia e pela análise sonora.
Cada grupo baseará as suas ideias numa banda sonora, igual para todos, e expressamente composta para o efeito. Trata-se no fundo de estabelecer relações síncronas entre o som e as imagens, explorando simultaneamente as possibilidades da animação e percebendo a estrutura de uma banda sonora.
PROGRAMA
Noções gerais sobre a Animação
Princípios básicos do movimento imagem por imagem
Rudimentos da Linguagem Cinematográfica
Relações entre o Som e a Imagem
Estrutura da Banda Sonora
Análise da banda sonora proposta como base do trabalho
Realização de um story-board rudimentar
Animação dos desenhos
Filmagens
III - CINEMA DE ANIMAÇÃO
40 horas (5 dias x 8 horas)
15 a 18 participantes
Enquadramento pedagógico: um Animador, dois Assistentes e um Músico
Neste atelier pretende-se fazer um filme colectivo de animação, desde a ideia até à projecção final. O trabalho deverá ser baseado num tema a ser determinado anteriormente, para possibilitar o seu estudo e pesquisa visual, documental e sonora prévios. Podemos utilizar diversas técnicas da animação, o Desenho, os Recortes, as Silhuetas, as Colagens, a Plasticina, a Pixilação, as Marionetes ou outra técnica, mas seria mais útil pré determinar qual delas se irá utilizar durante o atelier para assim melhor podermos programá-lo, e sobretudo evitar despesas desnecessárias com a aquisição de materiais.
Este atelier implica o acesso a diverso equipamento técnico, que dificilmente as escolas poderão dispor, mas que nos poderemos dispor, quer em cinema (16mm) quer em vídeo (betacam), quer ainda de gravação sonora.
PROGRAMA
Introdução ao movimento animado
Experiências de animação simples utilizando alguns brinquedos ópticos: Folioscopios, Fenacistiscópios, Zootropios e Flip-books.
Rudimentos da linguagem cinematográfica
Realização de um story-board colectivo.
Considerações sobre a técnica escolhida: Desenho, Recortes, Silhuetas, Colagens, Plasticina, Marionetes, Pixilação ou outra.
Preparação dos personagens e cenários
Introdução à banda sonora
Princípios básicos das imagens animadas: As leis da imagem em movimento
Princípios a ter em conta durante as filmagens: Trajectória e tempo. Ritmo: movimentos curtos e longos, rápidos e lentos.
Filmagens
Sonorização
Nota:
A sonorização poderá ser feita paralelamente ao trabalho de animação, ou no final, depois de concluídas e montadas as imagens, dependendo esta escolha das opções que se tomarem quanto aos equipamentos técnicos e às disponibilidades de quem orientar a banda sonora.
Para mais informações poderão contactar-nos para
Filmógrafo – Estúdio de Cinema de Animação do Porto, Lda.
Rua Duque de Loulé 141, r/c traz. 4000 Porto
Telef.: 02.2086780
Fax : 02.2086861
E-mail: abi@esoterica.pt