Casa da Animação pode fechar
A Casa da Animação à beira de fechar mesmo antes de abrir
Neste final do mês de Julho recebemos a notícia de dois apoios que aguardávamos há já muito tempo: No passado dia 25 a Câmara Municipal do Porto (CMP), através do seu pelouro da Cultura, comunicou-nos que a Casa da Animação tinha sido contemplada com um apoio de cerca de 2 mil contos (nem sequer arredondaram os números para 10 mil €). Hoje foi a vez do ICAM nos anunciar um apoio de cerca de 7.500 contos. Apoio este que teria de ser forçosamente investido em acções de formação, na edição das actas do Simpósio Arte & Animação e ainda na itinerância dos programas sobre a Animanostra e sobre o Estúdio Animais.
Se fizermos as contas facilmente poderemos verificar que o apoio da CMP serve apenas para cobrir as despesas com o condomínio (cerca de 1400 contos /ano) e que talvez chegue para cobrir as despesas com a luz e com a água (não nos podemos esquecer que o edifício tem cerca de 1500m2 e que é quase todo interior e sem ventilação nem luz natural).
Por outro lado no apoio do ICAM apenas consideraram as actividades de promoção do Cinema Nacional, esquecendo que o que nos propomos fazer é a criação de um público, obviamente nacional, dando-lhe acesso às obras fundamentais da cultura mundial deste sector de produção cinematográfica, com particular destaque para as cinematografias Europeias, sem nunca esquecer, naturalmente, a Produção Nacional, (só temos pena é que a Produção Nacional por si só não tenha capacidade para preencher uma fatia maior da nossa programação). É esta aposta cultural na criação de novos públicos que nos parece ser a vertente importante da nossa actividade e que tem um paralelo com o que acontece nos Festivais de Cinema, festivais estes que contam com o apoio do ICAM. Não compreendemos, portanto, porque razão não são consideradas as nossas propostas de apresentar cinematografias estrangeiras (sendo que, inclusivamente, estes programas tem a sua origem maioritariamente na Comunidade Europeia).
Em nenhuma destas verbas se enquadram as despesas absolutamente indispensáveis para que tudo possa funcionar bem, ou seja, com a manutenção de uma estrutura, por muito pequena e leve que seja. Ora não é possível organizar nenhum Centro Cultural sem que alguém o execute e em algum canto do orçamento terá de haver uma verba para pagar o trabalho desta equipa, que neste momento é de apenas três pessoas (um responsável pelos aspectos organizacionais e financeiros, outra pelos aspectos de produção e programação e uma última responsável pelo Design e publicações).
A manter-se esta situação em que não há nenhum apoio para garantir o funcionamento, por mínimo que seja, nem tão pouco as grandes actividades previstas e que se encontram em adiantada fase de concretização, como é o caso da Retrospectiva da Folimage, prevista para a abertura oficial da Casa da Animação no início de Setembro ou a Retrospectiva Holandesa, prevista para Dezembro ou ainda as que já foram efectuadas como é o caso da Retrospectiva da Animação Suíça que teve lugar em Maio último, a Casa da Animação não terá condições para poder avançar com as suas propostas e será praticamente impossível garantir qualquer actividade regular e muito menos abrir as portas ao público em geral, remetendo e concentrando toda a sua energia e o que se possa salvar dos recursos existentes, numa última tentativa de relançar este projecto durante o próximo ano, confiantes de que a situação sofrerá uma evolução positiva em 2003.
Perante este panorama somos obrigados a cancelar a programação que tínhamos previsto para 2002, anulando a exposição prevista da Folimage e da Animação Holandesa.
Os programas da Folimage e da Holanda terão de ser reformulados de forma a podermos inseri-los na Rede Alternativa de Salas de Cinema e não teremos condições para oferecer sessões gratuitas para as escolas
Ficarão seguramente por concretizar:
A Biblioteca / Videoteca dedicada ao Cinema de Animação
O Arquivo de materiais originais que serviram as produções de Animação
A Exposição da Folimage
A Edição do catálogo da Retrospectiva da Folimage
A Edição de um Cartaz da Retrospectiva da Folimage
A Edição de um Cartaz sobre a Abertura Oficial da Casa da Animação
A Exposição da Animação Holandesa
A Edição do catálogo da Retrospectiva da Animação Holandesa
A Edição de um Cartaz da Retrospectiva da Animação Holandesa
As Sessões gratuitas para as Escolas
Poderemos apenas garantir uma pequena programação inserida na Rede Alternativa de Salas de Cinema, a abertura de um bar e a concretização de 3 workshops: Laurent Pouvaret (Folimage) Setembro, Nuno Amorim (Animais) Outubro e Maerten Koopman (Holanda) Dezembro.
O único programa para o qual poderemos ter algum apoio será a retrospectiva dedicada ao Estúdio Animais (Lisboa).
Mas o grande problema para tudo isto é que não teremos nenhuma estrutura que possa organizar tanto estas actividades como preparar e implementar uma programação para o futuro. Gostaria de lembrar que se estes programas estão em vias de se concretizar, isto representa o esforço e o empenho desta pequena equipa ao longo de mais de um ano de trabalho intensivo, sistemático e dedicado. Se não for possível manter esta estrutura como é que se poderá programar o que quer que seja?
Agora se compararmos a actual estrutura da Casa da Animação com a existente no Teatro Rivoli, onde trabalham cerca de 25 pessoas ou se a compararmos com as cerca de 50 pessoas que trabalham no Teatro Nacional de São João facilmente poderemos dizer que a estrutura que propomos se peca por alguma coisa não será certamente por excesso mas sim por defeito. Temos absoluta necessidade de, pelo menos, garantir o financiamento necessário à subsistência deste minúscula estrutura, o que no actual panorama não está de forma alguma garantido.
Gostaríamos de acrescentar que levamos já a bom porto uma Retrospectiva da Animação Suíça (em Maio) onde apresentamos uma exposição de desenhos originais dos filmes de George Schwizgebel, 5 progamas de curtas metragens de animação e um workshop orientado também por G. Schwizgebel. Para este programa tivemos o apoio da Fundação Pró Helvetia e do Groupement Suisse du Film D’Animation. Infelizmente estes apoios não foram suficientes para cobrir todas as despesas e nós contávamos com o apoio do ICAM para completar este orçamento, uma vez que o pedido de apoio foi entregue no ICAM bem antes deste evento ter tido lugar. Infelizmente a resposta do ICAM tardou a chegar e nós fomos obrigados a prosseguir com os acordos entretanto estabelecidos com os outros parceiros, tendo sempre a esperança de que o ICAM poderia apoiar esta nossa actividade. Mas o pior de tudo isto é que esta Associação é ainda muito jovem e não tem capacidade de criar um fundo de reserva para estas situações de emergência, vendo-se constantemente na eminência de ter de contar todos os tostões a cada momento. Quando o ICAM nos responde 2 meses depois do evento ter terminado e esta resposta é, ainda por cima, negativa, coloca-nos numa situação de ruptura financeira que põe em perigo a própria sobrevivência de Associação.
Por estas razões fazemos aqui um apelo à direcção do ICAM para reforçar as verbas que nos atribuíram bem como apelamos à flexibilização da utilização das que já nos foram atribuídas de forma a podermos ter uma gestão mais ágil e assim podermos optimizar a performance da Casa da Animação.
Reformulando toda a nossa programação, cortando todas as despesas possíveis e impossíveis de forma a garantir apenas o funcionamento de sobrevivência da Casa, sem mais ambições do que tentar chegar a 2003 com a esperança de que o novo ano possa trazer alguma luz, mesmo assim temos forçosamente de garantir um orçamento complementar para além das verbas agora anunciadas para a Casa da Animação, atribuídas pela CMP e pelo ICAM.
A Retrospectiva da Animação Suíça custou cerca de 30.000,00 €
Para a retrospectiva Folimage, agora reformulada e sem a exposição e sem sessões gratuitas para as escolas, prevemos: €
Para o programa Holandês, também sem exposição e sem programa para um circuito de descentralização e sem programa gratuito para as escolas, prevemos: €
Para o Programa Animais, prevemos um orçamento de €
Para a Rede Alternativa de Cinema prevemos um orçamento de €
Para a exibição regular de cinema (setembro a Dezembro) prevemos um orçamento de €
O montante mínimo anual para o funcionamento da estrutura, contando apenas com os vencimentos das 3 pessoas actualmente a colaborar na Casa da Animação, ronda os 35.000 €
Para os custos de manutenção do edifício da Casa da Animação (água, luz, telefones, manutenção e segurança) prevemos um orçamento de €
O condomínio das novas instalações custa-nos €
Total orçamentado (estimativa avaliada por baixo) para 2002: €
Como receitas prevemos:
Apoio CMP: 9.976,00 €
ICAM (actividades): 37.500,00 €
ICAM (Rede Alternativa): 20.000,00 €
Bar : 3.000,00 €
Cinema: rede alternativa: 1.100,00 €
Sessões regulares: 2.500,00 €
Programas especiais: 750,00 €
Quotas associados: 1.200,00 €
Outras receitas: 1.000,00 €
Total previsto de receitas: 76.926,00 € (15.422.000$00)
Outros apoios:
Pró-Helvetia
G.S.F.A.
Instituto Francês
Embaixada de França
Embaixada da Holanda
NIAF – Netherland Institut for Animation Films
Folimage – Valence
Musée-Chateau d’Annecy
Animais
Filmógrafo
Pensamos que seria um enorme desperdício se deixássemos cair por terra o enorme investimento feito neste projecto pela sociedade Porto 2001 no âmbito da Capital Cultural da Europa, investimento este na ordem dos 320 mil contos, totalmente investidos na criação de condições logísticas e de equipamentos deste Centro Cultural dedicado ao Cinema de Animação, já para não falar em todo o esforço desta pequena equipa ao longo destes 2 anos e meio.